Desde pequena, meu pai me incentivou a gostar de leitura, até mesmo nos mínimos detalhes – como uma estante recheada de livros que tínhamos na sala de estar. Eu lia todos os tipos de livros que encontrava pela frente, ainda mais quando minhas irmãs e eu passávamos os finais de semana em sua casa e lá não tínhamos internet e nem brinquedos como na casa da nossa mãe. Mas, neste pequeno relato, tenho que mencionar que todos os livros que meu pai tinha eram livros que nenhuma criança teria interesse em ler… Como livros de Economia, de Relações Humanas, de História ou, como diziam as minhas irmãs, “livros de gente grande”.
Dentre esses “livros de gente grande”, no entanto, eu sempre procurava um que eu entendesse mais ou menos. E o que eu mais gostava de ler se chamava Acre – Uma história em construção. Não me lembro exatamente dos autores, mas ainda guardo esse livro aqui comigo, pois usei muito durante o vestibular em 2009. Esse livro tinha uma linguagem fácil de entender e também era bem antigo. No começo, eu o achava chato, porque os primeiros capítulos tratavam de tribos indígenas, se não me falha a memória. Com o passar dos capítulos, entretanto, a história começava a ficar boa. E foi desse modo que, aos dez anos de idade, eu já entendia muita coisa sobre a história do Acre. Entendia do meu jeito de criança, é claro, mas eu já argumentava com as professoras do colégio que a história do Acre não era só a revolução liderada por Plácido de Castro, mas que também tinha Galvez, que havia criado “um País independente” – era a parte que eu mais gostava de ler.
Estou começando esta critica dessa forma, porque é como eu quero que entendam. Muitos acrianos nem ao menos se interessam em conhecer a história de seu estado e ainda têm coragem de criticar como se muito conhecesse. Acho um grande absurdo quando escuto algum acriano perguntar: “Dia 6 de agosto é feriado de quê?”, “E dia 15 de novembro?”. Por que isso, minha gente? Por que tanto desprezo com um estado que lutou para ser anexado ao Brasil? Acho realmente muito injusto, pois não se trata apenas da anexação do Acre ao Brasil, mas do sangue de milhares de pessoas que lutaram com garra e raça e sem pedir nada em troca. Estou falando daqueles milhares de nordestinos que vieram para cá com a ilusão de ficarem ricos e voltarem para o nordeste. O que aconteceu, na verdade, foi que muitos, apesar das dificuldades, acabaram se apaixonando pelo lugar. O que não quer dizer que eles tenham conseguido ficar ricos, pois o Acre foi palco de revolução, mas também de injustiças e de ambição.
Eu poderia ficar muito chateada também com gente que não conhece o Acre e fala uma porção de coisas um tanto absurdas, como, por exemplo, a matéria que saiu no G1 com o título: “Acrianos viajam até 700 km para conhecer 1º shopping do estado – Idosa de 73 anos vira fã do centro de consumo. Ar condicionado e entretenimento são atrativos, segundo a população”. Mas não fico. Achei preconceituoso, sim, pois usaram pessoas inocentes que não conheciam o shopping para fazer uma matéria irônica. Porém cheguei à conclusão de que esse tipo de comentário e de reportagem nada interfere na vida e na história da população acriana, ainda mais quando essas pessoas não sabem a importância histórica de um ESTADO que lutou para ser brasileiro.
É realmente uma pena que muitas pessoas, nem mesmo os próprios acrianos, tenham interesse em conhecer uma história tão bela como a nossa. Eu tenho orgulho de ser acriana e mais orgulho ainda de conhecer pelo menos um pouquinho da história do meu estado. Desejo, ainda, que cada um que termine de ler esta critica tenha interesse em conhecê-lo um dia.
Aline Maria Nogueira de Sousa, 19 anos – Estudante do Curso de Nutrição da Universidade Federal do Acre.
Acre: entre a glória histórica e o descaso contemporâneo
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