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Capitão Leão encontra irmã que não via há 30 anos

Por
Roberto Vaz

Criada para oferecer espaço às reclamações dos moradores de Imperatriz, a página nove do Correio Popular “Fala cidadão”, também conhecida por “Qual é a Bronca?”, teve participação importante em um reencontro familiar pretendido há mais de 30 anos.


Na edição especial dos dias 2 e 3 de novembro o quadro apresentou os problemas do bairro Jardim São Luis denunciados pela dona de casa Maria do Socorro Gomes Leão. Naquele dia a mulher pediu para não ser fotografada, mas fez questão de informar o nome completo, mesmo nossa reportagem explicando que apenas Maria do Socorro já era o suficiente. Foi exatamente por causa da insistência da moradora em pedir o registro do nome por inteiro que ela foi localizada por familiares que não há veem há três décadas.


Por email, nossa redação recebeu na manhã de sábado (3) uma mensagem intitulada “Socorro ao Correio Popular”, enviada por José Alducio Leão, o Capitão Leão, da Polícia Militar de Rio Branco, capital do Acre. O militar informava que encontrou na internet a matéria que fizemos no Jardim São Luis e afirmava que Maria do Socorro é a irmã que ele não vê desde quando eram crianças e que há muito tempo a procura pela internet. O homem informa também que enviou pedidos de ajuda a programas de TV exibidos em rede nacional, mas nunca teve respostas.


No email ele relatou a história que conhecia sobre a moradora de Imperatriz, contando inclusive em detalhes. Encerrando o comunicado, Leão forneceu os nomes dos pais e pediu a ajuda do Correio Popular. Ele também acreditava que, por algum motivo, Maria do Socorro não quisesse manter contatos com os parentes já que o ultimo telefonema que ela fez para outra irmã, foi no ano de 2004.


Ao receber a informação, partimos imediatamente ao Jardim São Luis e, como no dia em que realizamos a matéria sobre a situação do bairro, Maria do Socorro também não estava em casa quando nossa reportagem chegou. Após dez minutos ela aparece no início da rua, pedalando, tranquilamente, sem imaginar que o sábado, 3 de dezembro, não era apenas um dia comum como os vividos em seus 49 anos. Surpresa ao ser interrogada se era natural do Acre e filha do casal Eunice Gomes de Oliveira e José Andrade Leão, Maria do Socorro demonstrou uma mistura de alegria com nervosismo, sem entender como tivemos acesso àquelas informações.


Depois de ouvir a leitura da carta enviada pelo irmão, Maria reconheceu a história relatada por ele e não se importou de contá-la aos leitores do Correio Popular:


“Eu saí de Taraucá, no Acre, era muita nova, não lembro quantos anos eu tinha. Engravidei lá, na minha cidade, e por isso fui para Manaus, para a casa de minha irmã, onde tive uma menina, e voltei. Deixei a garotinha com minha mãe, eu era muito nova, não tinha como criar um filho naquela época. Então, voltei para a casa da minha irmã (Manaus) para trabalhar. Fiquei por lá mais de cinco anos. Depois fui pra Roraima, nos garimpos. Fui para Goiânia, estive em Belém e vim para o Maranhão, por volta de 1990. Casei e tive mais dois filhos, um tem 15 anos e o outro, 19. Após conseguirmos a casa própria, eu e meu marido nos separamos. Tinha contato com os parentes até por volta de 2004 (como dizia o email do irmão). Roubaram meu celular e perdi o contato (…). Tenho muita vontade de rever minha família, meus irmãos. Uma noticia dessa é uma benção, não tenho nem palavras. Você passar muito tempo sem ver sua família, de repente chega uma noticia assim. Fiquei espantada…”


– Se você estivesse frente a frente com seus parentes, agora, o que gostaria de dizer?


– “Eles não estão escondidos ali fora, não é? (risos, silêncio, lágrimas…)


– “Não tenho nem palavras. Lembro que gostava de brincar na chuva com os meninos (irmãos). A gente corria para um goiabal, tirava goiaba na chuva…”


O contato


A história contada por ela batia com os relatos do capitão Leão, então vimos que aquele era o momento do contato. Na primeira ligação, a operadora de telefonia informava que o número estava fora de área. Aumenta a ansiedade de Maria. Depois de alguns segundos o telefone toca nas mãos do repórter. Era de longe, era do Acre. Foram cerca de dez minutos conversando com Leão, perguntando nomes de outros parentes, e Maria do Socorro ouvindo tudo, enquanto fazia sinal de positivo. Dissemos ao homem que estava difícil encontrar a irmã. Ele lamentou, e logo passamos o celular para dona Maria do Socorro, que se recuperava das lágrimas e ouviu a voz do irmão um pouco mais novo, que era apenas um menino quando ela saiu de casa.


Assim ela soube noticias de outros parentes, soube que a mãe tem 85 anos de idade e muita vontade de revê-la, que a filha está bem, que seus irmãos já somaram 21 – enquanto ela pensava que eram apenas 12. Ouviu o irmão cobrar a ausência dela, justificou, chorou e manifestou o desejo de reencontrar a família até o final desse ano, para comemorar o Natal e Ano Novo, juntos, matar as saudades e evitar nova separação.


Em Imperatriz, Maria do Socorro tem como parentes apenas os dois filhos. Após a conversa com o irmão Leão, disse que gostaria visitar a família o mais rápido possível e, quem sabe, vender a casa do Jardim São Luis e embarcar de vez para o Norte. Ainda por telefone, Leão disse que, após conversar com a irmã, avisou a outros parentes que havia encontrado Maria do Socorro e que pretende apressar a ida dela para o Acre.


Por Hemerson Pinto, do Correio Popular


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Roberto Vaz

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