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Pacientes precisam dormir em paradas de ônibus para conseguir agendar consultas

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Vinte horas. Acabou de anoitecer, a equipe de reportagem do ac24horas e do CQAcre são chamadas no Hospital das Clinicas [HC] em Rio Branco com a notícia de que dezenas de pessoas já se aglomeram nas calçadas e em paradas de ônibus em busca de atendimento médico. Para garantir uma consulta, elas madrugam nas filas. Anciã como dona Marenilda que tenta pela terceira vez consecutiva agendar uma consulta na área de ortopedia foi encontrada pela reportagem.


– Gostaria que eles fizessem algo melhor para a população. É para isso que a gente coloca eles no poder. Eu estou aqui pela terceira vez tentando marcar uma consulta da coluna – disse Marenilda.


Se não chegar bem cedo não se consegue as poucas fichas nas áreas clinicas de maiores demandas. Dona Zelina, de 61 anos, chegou às 21h30. Ela disse que se sair de casa cinco horas da manhã não consegue ficha. Zelina tentava agendar um retorno. A amiga dela, dona Fátima, 48 anos, que também dormia na calçada do HC, diz que o seu retorno foi marcado para 60 dias e que esse prazo venceu em abril deste ano.

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– Depois que completou os 60 dias eu procurei marcar o retorno, e ai a gente vem quando chega não tem vaga. Meu esposo já tentou vir de madrugada, mas quando chega aqui na hora de marcar a consulta não consegue. Nós somos pobres, não temos condições – disse dona Fátima.


As 4h30 da manhã, depois de gravar as entrevistas, uma chuva tirou os pacientes das paradas de ônibus e das calçadas do HC. Mais de 30 pessoas foram obrigadas a amanhecer o dia amontoadas embaixo de um abrigo.


Ir para a fila no meio da madrugada é uma rotina para grande parte das pessoas que dependem de assistência do Sistema Único de Saúde (SUS) em Rio Branco, eles já se organizam fazendo um esquema paralelo de senhas, que evita confusão e facilita o trabalho dos administradores quando amanhece o dia.


O número insuficiente de médicos na rede básica e a falta de profissionais para montagem das equipes do PSF – Programa de Saúde da Família (compostas por médico generalista, enfermeiro, auxiliar e agentes, e complementada por pediatra e ginecologista), aliados à procura crescente por atendimento na rede pública completa o caos. O reconhecimento é do administrador do HC, o médico Carlos Eduardo.


Por telefone, ele disse que ocorre essa demanda reprimida para atender às sobras de fichas, atendimento, que na opinião do gestor é errado, “mas que é feito para não deixar o médico ir embora sem atender o número de pacientes do dia, explicou.


Eduardo frisou que o certo era que todas as consultas agendadas on line através dos Postos de Saúde, fossem atendidas pelos especialistas. Ele reconheceu as dificuldades existentes, principalmente, pela demanda reprimida.


– O Estado não tem profissional. A demanda ainda é muito maior. Na área de ortopedia, esse aumento do número de acidentes tem provocado problemas como esses que vimos, o HC é o único de referência no Estado – acrescentou o administrador.


Ainda segundo o diretor do HC, a esperança é que quando o governo inaugure o Hospital de Traumatologia, quando ocorrerá o atendimento por demanda livre, outras áreas de exames serão desafogadas. Com isso, o administrador espera melhorar o atendimento ao público.


Como o ac24horas já mostrou, lançada em 28 de maio do ano passado, a obra de construção do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO) no Acre, está parada. Pelo cronograma, a empresa contratada pela Secretaria de Obras do Estado, tinha um prazo de doze meses para concluir o projeto. Assim, o hospital já deveria está funcionando a pelo menos quatro meses, mas a realidade é bem diferente.


Com um investimento na ordem de R$ 24.608.469,26, o governo pretendia ampliar a oferta de atendimento na rede publica estadual e oferecer um serviço na área de saúde que poucos estados da região oferece, mas o projeto continua no papel.


Veja o vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=Uv-0pJNtmi8


 

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Jairo Carioca – da redação de ac24horas
[email protected]
Colaboração: Willamis França/CQAcre


 


 


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