Em discurso nesta quarta-feira, 16, na tribuna da Câmara Federal, a deputada Antônia Lúcia (PSC-AC) fez graves acusações contra o Governo do Acre, sobre o uso do Guardião para interceptar ligações telefônicas sem autorização judicial. Segundo a parlamentar, as interceptações ilegais estariam sendo usadas de forma políticas pelas autoridades estaduais para manter os adversários monitorados 24 horas por dia.
“O Acre vive uma febre de grampos ilegais a mando da administração petista, do Estado. Venho a esta tribuna para fazer uma denúncia ao ministro da Justiça, Jose Eduardo Cardoso, ao Corregedor geral da Policia Federal, Valdinho Caetano, contra alguns representantes do Partido dos Trabalhadores (PT), no Acre. As pessoas vivem um estado de policia, monitoradas e assustadas. A imprensa encontra-se amordaçada e o povo sem voz”, disse Antônia Lúcia.
Segundo a parlamentar, existe uma organização criminosa formada dentro da Policia Federal e no Governo do Acre. “O superintendente da PF, José Carlos Calazane, com a participação dos delegados Anne Vidal Morais, Agnaldo Mendonça e Maurício Moscardi, colocaram o nome da Instituição, sob suspeita e a serviço do Governo do Acre, colocando a Polícia Federal, numa verdadeira barganha política”, destacou.
De acordo com Antônia Lúcia, no mês de agosto de 2010, ela teve dois números de celular, os telefones do meu escritório e o telefone de seu apartamento grampeado de forma ilegal pela PF. “Fui monitorada dentro e fora de meu próprio condomínio, por agentes da PF, 24 horas por dia. Essas ações ilegais tinham por fim, impedir que eu obtivesse êxito nas eleições de 2010. Ações estas, autorizadas tão somente e a pedido do atual governador, Tião Viana”.
A deputada disse ainda, que os irmãos Viana estariam intervindo em instituições, para se manter no poder. “Tião Viana, vem pleito após pleito, trocando de lugar com seu irmão, o senador Jorge Vianna. Ambos usaram de influencias com o Juiz eleitoral, Romário Divino, segundo informações que me foram repassadas, gerando uma denuncia ao MPF. Eles formaram uma quadrilha a fim de destruir uma candidata de oposição ao seu governo”.
A parlamentar destacou as duas ações em que foi julgada e inocentada, no mês passado. “Tive dois processos julgados e considerados nulos por tratar-se de grampos sem autorização judicial e por se tratarem de manipulação de influencia. Estou com o acórdão em mãos, no qual, o TRE-AC, comprova, que houve ilegalidade e bandidagem dentro da PF daquele estado”.
Para Antônia Lúcia, a arapongagem não se restringiu aos seus telefones. Os grampos, segundo ela, se estenderam ao comitê central da campanha do candidato a Presidência da República, José Serra, do PSDB, em uma tentativa de elevar o volume de denuncias ao TRE contra sua candidatura.
“A Policia Federal inseriu inúmeras conversar e vídeos gravadas de forma ilegal, como se fossem meus nos processos montados contra mim. Ocorre que essas conversar, trata-se de um monitoramento, ao candidato de oposição ao cargo de governador, Tião Bocalom, do PSDB. Durante todo o período eleitoral o PSDB do Estado do Acre, esteve grampeado ilegalmente”, disse a deputada mostrando um CD com as gravações.
O monitoramento da PF, de acordo com Antônia Lúcia, teria atingido a Federação das Indústrias do Acre (Fieac), agencias do Banco Do Brasil, e o Tribunal Regional Eleitoral do Acre. A parlamentar disse que o CD com as gravações teriam sido entregue equivocadamente aos arrolados no processo da “distribuição de gasolina” que motivou uma das ações do MPE contra ela.
“O que vem ocorrendo no Acre é uma lastima. Ninguém sobrevive se não se juntar ao comando ditador dos Viana. Delego qualquer coisa que aconteça a minha vida aos denunciados”, destacou Antônia Lúcia.
PEDIDO DE PERÍCIA NO GUARDIÃO
No final da tarde desta quarta-feira, 16, a deputada federal encaminhou ao Ministério da Justiça, um pedido auditória pericial no sistema eletrônico de interceptação telefônica mantido pelo Governo do Acre, conhecido como Guardião. Antônia Lúcia alega que o aparelho vem sendo usado de forma indiscriminada, “para bisbilhotar conversas telefônicas de cidadãos acreanos, sem a devida autorização judicial. O que leva a insegurança e violação o estado de direito constitucionalmente estabelecido”.
Ray Melo, da redação de ac24horas – raymelo.ac@gmail.com
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