A promessa bonita de fortalecer a cadeia produtiva do leite em parceria com os produtores rurais, com o investimento no processo de instalação de tanques de resfriamento próximos às propriedades, está se transformando em mais um sonho para os produtores de Porto Acre. O baixo preço da matéria-prima e dilatado prazo para recebimento do produto fez a produção diária de 3 mil litros despencar e a Associação Tancredo Neves, localizada no ramal do V, em Porto Acre, desistir dos investimentos prometidos ainda na gestão do ex-governador Binho Marques, do PT, que tinha como projeto financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, o conhecido “empoderamento das comunidades”.
Os depósitos construídos para receber os tanques de resfriamentos custaram aos cofres públicos, R$ 14,7 mil. Sete deles estão se acabando na região. Dois deles guardam tanques de resfriamento que foram apenas colocados nos galpões. Os técnicos nunca voltaram para fazer o equipamento funcionar.
Desiludidos, depois de terem assinados um contrato que garantia ainda a doação de 2 mil tijolos, 25 sacas de cimento, 5 metros de areia e 90 folhas de telhas para melhorar os currais onde é retirado o leite, os produtores desistiram do negócio.
– A promessa de asfaltar os nossos ramais nunca foi cumprida. As pontes estão quebradas, como vocês podem verificar com os próprios olhos. A dificuldade é grande, se formos bancar um empregado para o tanque de resfriamento, o nosso lucro, que praticamente não existe, vai embora – argumentou o presidente da Associação, senhor Samuel Oliveira.
De acordo com o projeto, os produtores eram responsáveis pela elaboração dos planos de gestão e pelo trabalho em equipe com a meta de aumentar a quantidade e a qualidade do produto. Mas segundo seu Samuel, essa capacitação nunca aconteceu “e pior, os tanques estão sendo entregues na frente do melhoramento de currais, o processo inverso da coisa”, acrescentou o presidente.
A ideia era muito boa:
Com a instalação dos tanques de resfriamento, a proposta é acabar com o tempo em que o produto fica exposto ao calor à espera dos caminhões e possam chegar aos laticínios com mais qualidade. Assim, o leite será coletado no prazo de 48 horas, o produto será refrigerado e mantido a uma temperatura de 4° graus e transportado em caminhões isotérmicos de aço inox que agem como uma garrafa técnica, mantendo a temperatura.
O projeto que recebe financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID, teve custos com consultoria. A reportagem tentou sem sucesso falar com o gerente da Seaprof que é responsável pela implantação dos tanques no Estado. No final da tarde de hoje, a assessoria de imprensa do governo não atendeu à ligação feita da redação para o telefone 998* 8*06.
Jairo Carioca – da redação de ac24horas
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