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Exploração de madeira no Acre: “um negócio da china”

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Roberto Vaz

“Um negócio da China”. O jargão popular pode ser perfeitamente aplicado aos negócios que vem sendo fechados no setor madeireiro entre empresas privadas, seringueiros e produtores na exploração da Floresta Antimary, no Acre. Com os incentivos fiscais e tributários oferecidos pelo Estado e os investimentos feitos pela Organização Internacional de Madeiras Tropicais [ITTO] e o Banco Interamericano de Desenvolvimento [BID], a exploração dos recursos naturais virou um mapa da mina.


O negócio está sendo visado cada vez mais pelos grupos internacionais. Alheio ao debate puxado pela oposição e que o secretário de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia, Edvaldo Magalhães, classifica como esquisito, ele anunciou mais investimentos com foco na agregação de valores que para ele é “o maior desafio a ser enfrentado”, comentou. 80% da madeira explorada saem para o mercado internacional.


Nesse negócio nada se perde, segundo uma consultora da área ambiental [que não quer ter seu nome revelado], são aproveitáveis desde a madeira de primeira exportada em deck, até o pó de serra. No Acre, pouco ou quase nada dessa riqueza é aproveitada. O mercado com maior participação nas exportações brasileiras de madeiras tropicais é a Europa, junto com os Estados Unidos eles compram mais de 80% das madeiras tropicais que assistimos serem transportadas nas carretas em nosso Estado.”


80% da madeira de primeira sai do Acre para o mercado internacional. Um deck é exportado pelo valor de US$ 3.300 [dólares]

O deck da madeira de primeira, em metros cúbicos chega ao mercado internacional pelo valor de US$ 3.300 (dólares). O que sobra ainda é vendido como aproveitamento, comprado por US$ 1.450 pelos Chineses, Estados Unidos e Israel que adquirem ainda o aproveitamento de 3 a 6 pés, que custa em média US$ 2.650, o metro cúbico.


A reportagem teve acesso a documentos que comprovam a compra pelo mercado interno, de madeira de segunda vendida ao preço de R$ 1.200 à R$ 1.800. Até o virgamento é vendido pelo valor de R$ 1800 o metro cúbico.


A consultora disse que está espantada com o preço pago pelo metro cúbico pela madeireira Triunfo aos moradores do Projeto Estadual do Antimary, que chega a R$ 40. Ainda segundo informações, esse valor não representa nem 10 metros de lenha ou de pó de serra, que também é comercializado através das madeireiras da capital pelo valor de R$ 45 em média o metro cúbico.


Juntando todos os custos operacionais desde a retirada da madeira do pátio da floresta até a chegada aos Portos, o empresário tem custos estimados em R$ 12 mil. A madeira sai do Acre em carretas carregadas com até 40 m³. No Porto, a madeira é divida em dois container com 20m³ cada. Isso representa por container, US$ 66 mil, ou seja, dependendo da variação da moeda americana, essa conta representa cerca de mais de R$ 200 mil. Subtraindo os custos, o lucro é astronômico e pode representar cerca de R$ 5,9 mil com o aproveitamento de 3/1.


Segundo a lei 4.776 nesse valor ainda é acrescido 60% já que a exploração do Antimary tem selo verde, de madeira certificada. As famílias inseridas no referido manejo recebem R$ 800 durante 12 meses, uma renda avaliada em pouco mais de R$ 9,6 mil por ano.


Secretário de Indústria diz que o debate deve ser em torno da agregação de valores a


O secretário de Indústria, Ciência e Tecnologia, Edvaldo Magalhães recebeu a reportagem hoje pela manhã em seu gabinete. Sem entrar no mérito do debate sobre a exploração da madeira e a questão social das famílias do Antimary, ele disse que o estado do Acre está incentivando a competitividade e abrindo mais dois investimentos na ordem de R$ 36 milhões na área de laminados e faqueados em Cruzeiro do Sul e Tarauacá.


– Esse é um mercado que é plural, é competitivo, mas é extremamente aberto – disse Edvaldo.


O secretario lembrou que há 11 anos a maioria da madeira era de origem clandestina. O processo de manejo, na opinião de Edvaldo Magalhães vem acumulando tecnologia. Ele elogiou a participação da Funtac e da Embrapa.


– O debate ficou muito distorcido, todo mundo sabe que a riqueza que o Acre tem é a sua floresta. Só tem três formas de tratar: ou cortando raso – e nós fugimos desse aspecto – ou protegendo de forma total. A terceira e única saída econômica e sustentável é o manejo – acrescentou.


Edvaldo disse que o governo vai radicalizar com a defesa do manejo florestal que é o único caminho. Ele aponta como foco, depois do incentivo da indústria florestal, o agrega mento de valores ao produto.


– Esse é o grande desafio, o ponto principal do debate. Vamos aos próximos dias sair dessa politização, dessa esquisitice, para um novo rumo: a vocação econômica do Acre, única com potencial para tirar o Estado da dependência do FPE. A exploração de nossos recursos naturais – concluiu.


Jairo Carioca – da redação de ac24horas
jscarioca@globo.com


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