Tinha que sobrar para o Acre. No escândalo envolvendo o ministro dos esportes, Orlando Silva, uma citação do policial militar João Dias Ferreira, coloca o ex-deputado federal pelo Acre, Ronivon Santiago dentro do furacão. Ronivon teria trocado quatro apartamentos, em Brasília, por uma academia de Ginástica. Leia reportagem da Folha de São Paulo:
Patrimônio de policial inclui casa, academias e carros
DE BRASÍLIA
O soldado da Polícia Militar João Dias Ferreira, 39, disse à Polícia Civil do Distrito Federal que construiu seu patrimônio com o salário na corporação, ganhos com aulas de defesa pessoal e de artes marciais e compra e venda de propriedades.
Ele é proprietário de uma ampla casa em Sobradinho (DF), de carros e de três academias de ginástica.
Ferreira prestou o depoimento, ao qual a Folha teve acesso, no dia 5 de abril de 2010 no decorrer da Operação Shaolin. À época, ele afirmou que tinha uma dívida de R$ 1,5 milhão com empresas fornecedoras das duas ONGs que controla em Sobradinho. Seus vencimentos mensais, disse, eram de R$ 15 mil.
A Operação Shaolin, desencadeada pela polícia em 2010, concluiu que as academias de Ferreira -que é praticante de kung fu- estavam registradas em nome de seus familiares e amigos.
Uma das transações imobiliárias que ele relatou foi a troca de uma academia -segundo ele, avaliada em R$ 560 mil- “por quatro apartamentos no Edifício El Shaday [em Sobradinho] pertencentes ao ex-deputado federal Ronivon Santiago”.
Em 1997, Santiago foi pivô do escândalo da compra de votos para aprovar emenda que garantiu a possibilidade de reeleição do então presidente Fernando Henrique Cardoso.
O depoimento de Ferreira foi prestado à polícia no primeiro dos cinco dias em que passou preso por conta de suspeitas de irregularidades no programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte.
O soldado tinha sido candidato a deputado distrital pelo PC do B em 2006. Derrotado, obteve dois convênios com o ministério, pelos quais recebeu R$ 2 milhões para incentivo à prática de esportes de crianças e adolescentes.
Hoje, o Ministério do Esporte e o Ministério Público Federal cobram dele R$ 3 milhões por conta de recursos que não foram aplicados nos projetos previstos.
Ferreira nega os desvios, mas reconhece “algumas falhas” e diz que a pasta não lhe deu oportunidade para provar o destino das verbas. (RUBENS VALENTE)
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