Em nota, hoje pela manhã, o secretario de Estado de comunicação prestou solidariedade ao secretário de Floresta João Paulo Mastrângelo. A nota afirma que o “jovem acreano” vem sofrendo ameaças de um policial militar aliado do deputado estadual Wherles Rocha”. Não foi registrado nenhuma ocorrência policial por parte de Mastrângelo.
O fato é mais um episódio na novela sobre Manejo no Projeto Antimary. Há mais de um mês que o deputado estadual Major Rocha vem denunciando a situação miserável das famílias inseridas na região. A empresa Laminados Triunfo vem sendo alvo de várias denuncias, entre elas, de praticar crime ambiental e de dar calote aos produtores com aval do governo do Acre.
DOS FATOS:
Conta o engenheiro florestal que a agressão de João Paulo ocorreu durante o fechamento da estrada por parte de 30 famílias que fecharam o ramal do Ouro, no km 94 da estrada de Sena Madureira.
– O secretário sabe do caso, o Estado faz de conta que essas famílias não existem, elas não tem direito a escola, a saúde, as crianças andam 12 km a pé para poder chegar na escola e ainda, foram excluídas do projeto de manejo, mesmo morando na região há mais de cinco anos – conta Robelson.
O secretário João Paulo foi ao local de conflito acompanhado do sub-secretário Rezende e o diretor técnico Marke Brito. O destempero começou após um bate boca entre João Paulo e Robelson, que é engenheiro florestal e que trabalhou na implantação do projeto há dois anos e meio. Robelson negou que venha fazendo ameaças a João Paulo.
– Quem vem ameaçando os produtores e fazendo terror após a descoberta de todas as falcatruas existentes no projeto de Manejo é o secretário João Paulo, há dezenas de testemunhas que afirmam isso. Ao invés de mudar o foco do debate, ele deveria se preocupar em regularizar a situação que vem devastando a floresta amazônica – concluiu o engenheiro florestal.
Mesmo dominado pelo deputado estadual Major Rocha e produtores, a ira de João Paulo Mastrangelo ainda atingiu um Pastor que estava no movimento e que teve a sua mão rasgada pelas unhas do secretário de governo. Estudantes do curso de engenharia da Universidade Federal do Acre testemunharam o fato lamentável.
A reportagem ligou para o secretário José Mastrangelo por volta das 20h de ontem, mas o seu telefone celular 997* 17*9 estava desligado. Entramos em contato com o sub-secretario Rezende, que confirmou ter acontecido uma discussão, mas que não entrou em detalhes. “O Mastrangelo está com o telefone desligado”, confirmou Rezende. O deputado estadual Major Rocha disse que vai se pronunciar sobre o assunto na Assembleia Legislativa. Depois da confusão, foi marcada uma reunião na sede do Projeto Antimary, na próxima segunda-feira.
Veja abaixo a nota divulgada pela secretaria de comunicação ainda ontem à noite:
NOTA DE SOLIDARIEDADE
O Governo do Povo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Comunicação, vem a público prestar solidariedade ao secretário de Floresta, João Paulo Mastrângelo.
João Paulo Mastrângelo é um jovem acreano que empresta o seu conhecimento técnico ao Estado e que, pela sua honradez e seriedade, vem sofrendo ameaças de um policial militar aliado do deputado estadual Wherles Rocha.
Segunda-feira, o deputado e o seu aliado decidiram incentivar o conflito na região da Floresta Estadual do Antimary. Ao saber da situação, o secretário foi ao local dialogar com os posseiros e trabalhar com o instrumento da verdade.
No momento em que expunha a situação, foi atacado verbalmente pelo aliado do parlamentar. Nas agressões não foi poupada a memória do professor José Mastrângelo, pai do secretário.
Ninguém tem direito de ofender a honra de uma pessoa que já cumpriu a sua missão aqui na terra. Esse comportamento é coisa de gente que não respeita o elo de amor entre pai e filho apenas para tentar atingir os seus objetivos políticos.
O aliado do deputado talvez tenha motivos para estar revoltado. Trabalhou na Floresta Estadual e sob ele pesam denúncias graves que estão sendo apuradas.
As ameaças feitas ao secretário foram registradas por meio de Boletim de Ocorrência. Os instrumentos para garantir a integridade física de João Paulo Mastrângelo serão utilizados.
A boa política é o campo ideal para o debate. Mas, infelizmente, ainda existem pessoas que fazem o uso da violência e da mentira para galgar os seus objetivos.
Não pactuamos nem com a violência nem com a mentira. O tempo do Acre em que pessoas faziam o uso da força para intimidar e amedrontar ficou no passado. E os acreanos não querem retroceder.
Leonildo Rosas – Secretário de Estado de Comunicação
Jairo Carioca – da redação de ac24horas
jscarioca@globo.com
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