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ESA diz que manejo em florestas nativas é “insustentável”

Por
Thais Farias

O jornal O Estadão, destacou esta semana, um estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) mostrando que o manejo de florestas nativas é, do ponto de vista econômico, “insustentável”. A reportagem do jornalista Washington Novaes,  classifica como “diálogo de surdo” a relação governo e sociedade.


No Acre, deputado tucano, Major Rocha, vem alertando produtores rurais instalados no projeto de manejo do Antimary, localizado na BR 364, entre os municípios de Sena Madureira e Bujari

– Há questões muito relevantes no Brasil em que, na aparência, ocorre um diálogo entre governo e sociedade; na prática, entretanto, os governantes parecem absolutamente surdos ao que dizem cientistas e cidadãos; só ouvem os que estão do lado oposto. E esse é – entre outros – o caso da gestão “sustentável” de florestas públicas por empreendimentos privados – diz a reportagem


Do ponto de vista econômico, a matéria diz que o modelo praticado em florestas públicas não permite a regeneração das árvores mais valiosas e tende à perda da rentabilidade após o primeiro corte para comercialização. Ainda segundo o estudo, em termos de sustentação da biodiversidade e manutenção da floresta, “pode fazer fracassar a política federal de concessão de florestas”.


O caso estudado é em Paragominas (PA), região onde o autor destas linhas esteve há uma década acompanhando um desses projetos e concluiu que de sustentável nada tinha; algum tempo depois ele foi embargado pelo Ibama porque retirava sete vezes mais madeira do que lhe era permitido.


Ao analisar a reportagem, o deputado Major Rocha, que vem se dedicando a fiscalização dos projetos de manejos no Acre, disse que ocorre no Pará, aquilo que ele vem alertando no Acre, especificamente, no Projeto de Manejo do Antimary.


– Aqui no Acre as denúncias comprovadas que estamos apresentando à sociedade, não tem eco. Parece que os organismos fiscalizadores estão, como diz a reportagem do Estadão, surdos e mudos. Já destaquei que o modelo de manejo do Acre é tão igual quanto o do Pará. Ninguém ganha, o homem da floresta não ganha, ganham somente os ricos madeireiros – comentou o deputado Rocha.


Pois exatamente poucos dias depois de divulgado esse estudo da Esalq o Ministério do Meio Ambiente (MMA) anunciava que “dez florestas nacionais integram a lista de florestas públicas que poderão ser concedidas em 2012, segundo o Plano Anual de Outorga Florestal”. Ao todo, 4,4 milhões de hectares – ou 44 mil quilômetros quadrados no Pará, em Rondônia e no Acre, equivalentes a mais de dois Estados de Sergipe. E 2,8 milhões de hectares se destinarão à “produção sustentável”. Da qual se espera retirar 1,8 milhão de metros cúbicos de madeira.


A reportagem afirma que essa política vem desde a gestão Marina Silva no ministério, contestada por uma legião de conceituados cientistas – mas sem que merecesse discussão alguma. Foi aprovada por proposta do governo ao Congresso em 2006, por escassa maioria – 221 votos a 199. E dava direito a conceder até 50 milhões de hectares, por 40 anos. Imediatamente vieram críticas contundentes, muitas delas já mencionadas em artigos neste espaço.


A começar pelas do respeitado professor Aziz Ab’Saber, da USP, para quem se trata de “um crime histórico, uma ameaça de catástrofe”. A seu ver, mais de 40% das terras são públicas e permitiriam “um programa exemplar”. A concessão, no entanto, como seria feita pela proposta aprovada, levaria à exploração intensiva à margem de rodovias e à perda da biodiversidade. Mais ainda: as florestas jamais voltarão ao domínio público após 40 anos. Todos os países que entraram por esse caminho ficaram sem elas.


Com informações do Estadão e Jairo Carioca – da redação de ac24horas


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Thais Farias

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