A senhora Eduarda Costa dos Santos, moradora do Bairro Taquari, em Rio Branco, ficou triste ao saber que o seu IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) é cinco vezes mais caro, proporcionalmente, do que de residências luxuosas. Ficou mais triste ainda ao saber que os municípios da Região Norte registram o maior crescimento na voracidade por arrecadação de impostos. “Deve ser por isso que a passagem de ônibus é tão cara”, diz a vendedora autônoma que relata não compreender a razão de o custo de vida não parar de aumentar. “A cada dia as coisas ficam mais cara e mais cara, as notícias da TV diz que tudo vai bem, mas não vejo essa melhora”, desabafa.
A insatisfação de Eduarda é um reflexo do que revela as mais novas informações do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgados essa semana. As parcelas mais pobres da população pagam proporcionalmente mais impostos municipais, embora os ricos sejam os que contribuem com maior volume de recursos para tributos como o IPTU e ISS (Imposto Sobre Serviços).
De acordo com o Ipea, apenas 32% dos domicílios brasileiros pagam IPTU, sendo que a maior parte é concentrada nos imóveis de maior valor. Mas, em contra partida, os contribuintes mais pobres pagam percentuais até cinco vezes superiores aos da classe de que representa 10% dos imóveis mais caros do Brasil.
Ainda de acordo com os números, a arrecadação dos municípios do Norte e Nordeste teve um crescimento real superior a 300% entre 1999 e 2008, ou seja, as regiões mais pobres do País passaram a cobrar mais impostos de seus cidadãos.
Conclusão: o IPTU de uma casa no Taquari, bairro na periferia de Rio Branco, é mais caro do que no Residencial Ipê, onde se concentram as luxuosas mansões do Acre.
Edmilson Alves, de RioBranco-Ac