Ainda encontra-se com rumo ignorado o prefeito do município do Bujari, Tonheiro Ramos, que deveria ter sido conduzido à sede da Policia Federal nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (14), em cumprimento a mandados da segunda-fase da Operação Labor, no Estado do Acre. Tonheiro não foi encontrado na sua residência e tem rumo ignorado. “Tá o maior piseiro lá na casa dele”, disse uma servidora da prefeitura quando a reportagem tentou localizá-lo.
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Tonheiro Ramos vinha realizando uma gestão ofuscada à frente do município. Passou a ser mais conhecido através de um escândalo denunciado pelo vereador de sua base, Celso da Codorna, há exatamente um ano, pela prática de um suposto assédio sexual contra Diane Mesquita, que ficou conhecida como “a Dama de Vermelho” roupa utilizada no dia em que ela foi à Câmara Municipal do Bujari, sustentar a acusação.
A partir daí, Tonheiro passou a viver um verdadeiro inferno astral. Através do Ciclo do Programa de Fiscalização em entes federados, o município foi sorteado para receber a visita técnica da CGU em 2015. Um total de R$ 3.188.954,78 de recursos federais aplicados no município passaram a ser fiscalizados.
A Casa caiu – A reportagem do ac24horas teve acesso ao relatório que contém 91 páginas e que destacou as falhas apontadas pela CGU na contratação de empresa para fornecimento de gêneros alimentícios.
A única empresa licitante participante do certame de Pregão Presencial para Registro de Preços nº 3/2014, a G. Cunha de Oliveira – ME, praticou, segundo a CGU, sobrepreço. Praticamente todos os produtos foram comprados com valores acima do praticado no mercado.
Entre os 65 itens registrados, a variação de preço para mais atingiu cerca de 200% em alguns alimentos como a salchicha para cachorro quente que foi adquirida pelo valor de R$ 12 e tinha preço de mercado de R$ 4 o quilo. Até colorau foi comprado com sobrepreço. O pacote que valia no mercado R$ 1,78 foi adquirido por R$ 8,48, uma diferença de R$ 6,70 em cada embalagem. O sobrepreço total perfaz R$ 159.512,39.
A reportagem apurou que o contrato com a G. Cunha de Oliveira não foi executado em sua totalidade, tendo sido revogado em setembro de 2014. O prefeito Tonheiro não apresentou os processos de pagamentos realizados no exercício. A CPI já adiantou que vai pedir os documentos.
Sabe-se que em saídas diretas da conta especifica do programa foram utilizados R$ 84.910 para pagamento da G. Cunha de Oliveira com recursos do Pnae. Os técnicos da CGU cruzaram informações pelo sistema contábil utilizado pela Prefeitura, utilizando como parâmetro o CNPJ da empresa, verificando que o desembolso foi de R$ 294.847 entre janeiro de 2014 e agosto de 2015.
Documentos sumiram da prefeitura – Será tarefa dos órgãos controladores descobrir também para onde foram contabilizados R$ 132 mil de saídas da conta corrente nº 44.301-8 no exercício de 2014 por meio de transferências, emissão de DOC ou TED, sem o devido respaldo documental.
Com tanto rolo, o município deixou de apresentar até o mês de agosto do ano passado, a prestação de contas do Pnae pelo Sistema de Gestão de Prestação de Contas (SiGPC). A secretaria de finanças informou por meio de oficio à CGU que foi descuido de um funcionário o não envio dos documentos ao governo federal.
Desistência da reeleição – Encalacrado até o pescoço em denúncias, Tonheiro Ramos desistiu de ser candidato à reeleição e, na manhã de hoje, saiu cedo, antes do nascer do sol para não ser levado à sede da Policia Federal através da segunda fase da Operação Labor que tem como principal objetivo, desarticular uma organização criminosa suspeita de fraudar documentos para ganhar de forma sorrateira, licitações do governo do Acre. Seu paradeiro ainda é descolhecido.