O policial federal Victor Manoel Fernandes Campelo, 23 anos, acusado de ter disparado o tiro que matou o estudante Rafael Frota (26), na madrugada de sábado em uma boate em Rio Branco, está há seis meses na instituição. Ele faz parte da turma que passou no último concurso da Polícia Federal.
Victor é carioca. O agente é descrito pelos colegas como uma pessoa pacífica e cordial. Ele mora sozinho em Rio Branco desde o primeiro dia que chegou à capital, no começo deste ano, para ingressar nos quadros da PF. Seus familiares residem no Rio de Janeiro.
“Nunca apresentou uma reação desproporcional durante esse período”, diz o presidente do Sindicato da Polícia Federal, Renato Santos.
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A entidade acompanha o caso desde a madrugada do sábado, dia do ocorrido, e colocou seus advogados na defesa do agente federal. Mesmo assim, o presidente do Sindicato espera que os fatos sejam apurados de forma imparcial para que não haja injustiça.
“A preocupação da instituição é que tudo seja apurado, que a verdade seja apurada, que os fatos sejam esclarecidos de maneira imparcial pra que se tenha uma atitude jurídica que seja justa pra todos que estão envolvidos nesta situação. Acompanhar pra que nenhuma distorção seja feita em benefício ou em detrimento do direito de ninguém. Essa é a posição do sindicato: acompanhar todos os atos e prestar a solidariedade ao servidor, mas a qualquer um que estivesse envolvido nesse ato, seja família das pessoas que foram vitimadas, podem nós procurar, que o apoio vai ser dado na medida do possível. Não há parcialidade de forma alguma. A gente preza pela clareza dos fatos, pela verdade dos fatos, que tudo seja apurado de forma técnica, de forma responsável pra que nenhuma injustiça seja cometida no decurso das investigações”, acrescenta.
O presidente do Sindicato não vê despreparo do policial. Segundo ele, os treinamentos dados aos agentes são bem feitos. “A nossa academia é muito bem estruturada, os nossos treinamentos são muito bem feitos, as orientações são dadas. Agora, a gente tem que chegar a esclarecer o que levou a essa circunstância. Por que esses disparam foram feitos, de que forma foram feitos, em que situação foi feito.”
Renato Santos acredita que a ocorrência envolvendo o agente não arranha a imagem da Polícia Federal por se tratar de um “fato isolado”.
“Fato isolado. Não é uma praxe você ver policiais federais envolvidos nessa situação. A gente pede até pra população separar os fatos isolados da conduta de uma instituição inteira que presa pela legalidade e pela defesa dos interesses da sociedade seja ela em qualquer esfera.”
Logo após receber alta do hospital onde se recuperava de um ferimento causado também por um disparo de pistola, Victor Manoel foi preso a mando do juiz Fernando Nóbrega da Silva.
A Superintendência da Polícia Federal no Acre se pronunciou publicamente apenas uma vez, ainda no sábado, 02, dia do ocorrido, por meio de uma nota.
A PF se limitou a informar que inicialmente confirmava a presença de um policial federal no incidente e acrescentou ainda que no mesmo dia havia instaurado com a Polícia Civil “todos os procedimentos legais para investigar as circunstâncias dos fatos”. Também informou a internação do agente para tratamento de “ferimentos causados por disparo de arma de fogo e das escoriações de possíveis agressões”.