A direção nacional do Partido dos Trabalhadores repassou para o PT do Acre R$ 855 mil de empresas envolvidas em corrupção na Petrobras. O dinheiro foi utilizado durante a campanha de reeleição de Sebastião Viana ao governo do Estado.
Originalmente, a Construtora OAS fez um repasse R$ 712 mil para a campanha da presidente Dilma Rousseff, mas esses valores foram redistribuídos para a campanha do PT no Acre através de três transferências realizadas no dia 4 e 18 de agosto deste ano, ainda no primeiro turno das eleições, segundo consta no relatório de prestação de contas disponibilizado pelo Tribunal Superior Eleitoral na semana passada.
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Outra empresa doadora é a Construtora Queiroz e Galvão, também envolvida no escândalo de corrupção da Petrobras, que repassou ao PT R$ R$ 142 mil, que depois transferiu para a campanha do Acre.
As duas empresas são alvo de investigação da Polícia Federal por suposto pagamento de propinas a políticos e funcionários da Petrobras em troca da obtenção de contratos superfaturados com a estatal. Além da campanha de Dilma, as mesmas empresas aparecem na lista de doadores do presidenciável Aécio Neves.
Procurado para comentar o assunto, o presidente do PT no Acre, Ermício Sena, enfatizou que a doações oriundas da Direção Nacional seguem todos os tramites burocráticos do Tribunal Superior Eleitoral. “O PT local não recebeu dinheiro diretamente dessas empresas envolvidas nesse caso da Petrobras. O que ocorreu é que o dinheiro foi doado para a Direção Nacional do partido e nosso comitê de campanha local faz um pedido de ajuda financeira e esse valor acabou sendo repassado para a nossa campanha. Quando esse dinheiro é repassado, não temos como saber a origem dele, de qual empresa ele veio. Ele consta em nossos documentos como repasses da Direção Nacional e em relação as investigações da Lava Jato, cabe a justiça julgar. Lhe garanto que a prestação de nossas contas foi feita 100% dentro da legalidade”, disse.
Nas eleições deste ano o PT do Acre arrecadou mais de 14 milhões em doações, cerca de R$ 6,8 milhões a mais do que as previsões de gastos divulgadas em julho, que eram de R$ 7,8 milhões. Apesar do número surpreendente, a campanha da Sebastião registrou uma despesa de R$ 16,2 milhões e ficou devendo aos seus fornecedores cerca de R$ 1,7 milhão.