Setor de agricultura foi o mais prejudicado, 1.860 pessoas foram afetadas pela cheia do Rio Acre; relatório do município ajudou a embasar pedido de calamidade pública. Ministério da Defesa ainda não se manifestou com relação à situação requerida pelo governo do Acre.
No início de março quando o Rio Acre atingiu 16,77m, ultrapassando 3,17m a cota de alerta (13,50), cerca de 1.860 pessoas estavam afetadas na zona rural do município de Rio Branco, no Acre. Um total de 366 famílias foi atingida pela cheia em 2014. Um levantamento da Secretaria Municipal de Agricultura e Floresta aponta prejuízos na ordem de R$ 6 milhões. A agricultura foi o setor mais afetado, com 90,56% do total de perdas e danos.
A mandioca foi a cultura que apresentou a maior perda. 50 hectares de plantios perdidos durante a enchente. A comunidade Vista Alegre, na região do Riozinho do Rola perdeu maior quantidade, um total de 2 hectares plantados. A cheia do Riozinho afetou plantações em ponto de colheita e em fase de crescimento.
De acordo relato de produtores, a produção de goma em 2014 terá uma redução de 50%. Como as casas de farinhas – a maioria – fica às margens dos rios e igarapés, o processamento da mandioca ficou impedido com a inundação, aumentando ainda mais os prejuízos.
O relatório mostra que a banana foi outra produção bastante afetada. Somente no Seringal Bagaço a perda foi de 22 hectares. Produtores que em 2012 – ano da maior cheia no Acre – tiveram plantios de banana praticamente dizimados pelas águas, voltaram a ter prejuízos este ano.
Ainda de acordo a secretaria, 08 hectares de grãos na região do Barro Alto foi devastada pela cheia do Riozinho. Em outras regiões como: Liberdade, Vista Alegre, além da safra de grãos, os produtores perderam frutas.
A água também invadiu poços e casas, atingiu a criação de pequenos animais. Na comunidade Catuaba o Ramal Belo Jardim ficou totalmente alagado, virando uma hidrovia, onde foi possível navegar com canoas de grande porte.
Com inundação de açudes a piscicultura perdeu 87 mil quilos de peixes
Outra área bastante afetada pela cheia do Rio Acre este ano, em Rio Branco, foi a piscicultura. Segundo levantamento, 87 mil quilos de pescado se perderam com a inundação de açudes em pequenas e grandes propriedades na zona rural do município.
Somente na região do Vista Alegre, 26 mil quilos de pescado se perderam. Outras comunidades afetadas foram de Catuaba e Liberdade, com perdas de 20 a 25 mil quilos de peixes cada uma. Colibri e Ramal Água Preta também tiveram perdas expressivas. Estima-se uma perda de receita de R$ 609 mil nestas regiões. No Liberdade, 5 famílias que tiveram açudes atingidos pela cheia, tiveram prejuízos estimados em R$ 120 mil.
Relatório será agregado a documento do governo do Acre para a Defesa Civil Nacional
O documento produzido pela Secretaria de Agricultura e Floresta do município será agregado a um relatório do governo do Estado e vai ajudar a embasar o pedido de calamidade pública enviado à Defesa Nacional.
A secretária de Fazenda, Flora Valadares, afirmou durante encontro com empresários e comerciantes, que o relatório com “a imagem da crise enfrentada” pelos acreanos seria entregue ao governador Sebastião Viana na primeira quinzena de abril. Até hoje o governo não divulgou oficialmente o total de perdas no estado do Acre e ainda aguarda o reconhecimento da situação de calamidade público pelo Ministério da Defesa Nacional.