A dona de casa Amélia Albuquerque Farias, 60, procurou, na manhã desta terça-feira (21), a reportagem do ac24horas para denunciar a morte do filho, o motoboy Antônio Albuquerque da Silva, 25 anos, ocorrida no dia 11 de outubro de 2013, após procurar atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do 2º Distrito.
De acordo com a denunciante, seu filho sempre apresentava sinais de reação alérgica e toda às vezes era atendido na unidade de saúde. No dia do ocorrido, após o jantar, Antônio Albuquerque reclamou de dores na garganta e pediu para mãe acompanhá-lo até a UPA. Dona Amélia disse que apesar das dores, o filho estava bem e durante todo trajeto, de sua casa, na Vila Acre, até a Unidade de Pronto Atendimento a vítima estava conversando normalmente, mas foi quando chegou no hospital é que todo o drama começou.
“Quando chegamos na UPA meu filho pediu que eu fosse fazer a ficha enquanto ele iria logo pela emergência. No balcão de atendimento tive que esperar cerca de 10 minutos para ser atendida, pois as duas moças que estavam no local disseram que era horário de descanso e tive que espera por um rapaz para fazer a ficha. Quando cheguei na emergência uma enfermeira disse que eu não poderia entrar, mas mesmo assim eu insisti até que consegui vê-lo por uma porta, ele estava sentado e fazendo nebulização, perguntei porque que ele estava daquele jeito e a enfermeira me disse que era procedimento médico, estranhei, mas decidi esperar, minutos depois apareceu um outro médico todo nervoso solicitando a ambulância 01 do Samu, pois havia um rapaz com problemas na garganta e que havia entrado em coma, me desesperei e entrei a força na emergência e dai vi meu filho deitado, todo cheio de tubos e sua blusa jogada de lado toda suja de sangue”, comentou Amélia Albuquerque ao prantos ao recordar a cena.
A dona de casa disse ainda que perguntou ao médico porque seu filho estava daquele jeito e o médico, que segundo familiares se chama Lucas e seria residente, disse apenas que o caso do seu filho era grave e que precisava ir para a UTI com urgência.
“Fui tirada a força da porta da ambulância, o médico me empurrou e não deixou que eu acompanhasse meu filho”, disse.
Após ligar para os filhos e para a noiva de Antônio Albuquerque, Dona Amélia disse que foi até o Pronto Socorro do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (HUERB), onde o médico plantonista, que ela não sabe identificar, disse aos familiares que o caso era grave e que ele precisava ser entubado novamente, pois o material usado para o procedimento na UPA era especifico para criança.
Por volta de 1h30 da madrugada a família recebe a noticia que Antônio Albuquerque havia falecido. Começa ai um novo drama, segundo a família, eles não conseguiam achar o corpo do rapaz, foram várias horas, entre idas e vindas do Pronto Socorro ao IML e vice-versa.
“Ninguém no hospital sabia dizer onde estava o corpo do meu filho. Fomos varias vezes no IML, não estava lá, retornávamos ao hospital e nada, até que por volta de 5h da manhã ficamos sabendo que haviam mandado o corpo dele para uma funerária. Quando vi o que fizeram com meu filho entrei em desespero, eles cortaram a garganta dele”, lembrou a mãe, ressaltando ainda que o corpo do seu filho foi encaminhado ao IML e só foi liberado por volta das 15h.
A família suspeita que Antônio Albuquerque tenha sido medicado com um remédio diferente do que era acostumado a usar e isso tenha potencializado a reação alérgica. Eles acusam o médico que atendeu o paciente, identificado por eles como Lucas, e que seria residente, e o médico plantonista, que seria o responsável por acompanhar o atendimento do aluno, de negligencia e pedem providencias por parte do Governo do Estado.
A família denuncia ainda que a direção da UPA está se negando a fornecer cópias do prontuário médico de Antônio Albuquerque e suspeita que a instituição está querendo abafar o caso. A família já comunicou o caso ao Ministério Público e registrou uma ocorrência na Delegacia da 2ª Regional.
Amélia Albuquerque disse que espera por Justiça. Ela criticou a qualidade da saúde no Acre e fez um apelo ao governado Sebastião Viana.
“O Antônio era mais que um filho, ele era amigo, meu companheiro para todas as horas. Eu quero Justiça, será que a Justiça não é para os humildes também? O governador põem no jornal que a saúde publica é de primeiro mundo, de primeiro mundo é pra ele que leva seus filhos em clinica particular, não para nós que somos humilhados por funcionários e médicos, essa não é a saúde de primeiro mundo, essa é a saúde do fim do mundo. Quero que ele faça alguma coisa, que puna esses médicos que fizeram isso com meu filho”, desabafou Dona Amélia.
A reportagem esteve hoje na delegacia em busca de informações sobre o andamento das investigações. De acordo com o Delegado Ary Reges, o caso está em andamento e que algumas pessoas já foram ouvidas, mas alegou que não poderia dar maiores detalhes para não atrapalhar as investigações em curso,
Em nota, o secretário de saúde em exercicio, Irailton Lima, faz esclarecimento sobre o caso.