Ninguém tinha dúvida de que aquele homem era anormal. A grande questão era saber até quando ele iria continuar assim.
Para os que gostavam de assistir aquelas besteiras contidas nos programas de televisão de fim de tarde, ele tinha de ser internado, aquele desvio deveria ser tratado como uma grande e terrível doença.
Já para os mais pessimistas, Carlão não tinha cura. Esse modelo de gente já nasce com a planta da moral construída: seria sempre uma pessoa nojenta, dominada por suas paixões mais carnais.
Carlos conheceu o sexo prematuramente! Com três anos de idade já se dava por cavar buraquinhos no quintal para alojar o seu instrumento ereto. Aquele pequeno terreno contendo algumas árvores feias e com poucas folhas parecia queijo suíço de tanto o menino se perder naquela prática que os pais achavam engraçada.
Aos onze conheceu mulher. Por não conseguir realizar sua vontade, pois as meninas de sua idade rejeitavam maiores aventuras por causa da dor, aproveitando a embriaguez do pai, Carlos roubou parte do salário dele e trocou pelo corpo de uma mulher já madura, sua vizinha que temia o despejo pelos três meses sem pagar o aluguel do quarto.
Gorete ficou boba com a intensidade daquela criança. Imaginou que talvez a juventude desse tanta força a alguém. Sabendo que o dinheiro tinha vindo em boa hora, tentou imaginar seu namorado naquele menino elétrico. Queria que seu homem tivesse metade daquela fúria.
Por ele, ficariam até a noite naquele roçar que para ela, por conta das dimensões biológicas, não dizia nada. Mas não podia, precisava se arrumar e ir pagar o aluguel, iria reclamar da falta d’água e dos barulhos dos vizinhos também.
Dois anos depois, Carlos era o refugio daquela “reca” de mães solteiras do quarteirão que precisavam de alguém mais atuante quando seus companheiros faltassem o dever.
Com quinze anos, Carlos dava conta das meninas e mulheres do bairro todo. Aventurava-se nas redondezas e conseguia equilibrar uma vida sexual extremamente ativa com a masturbação que nunca conseguiu diminuir. Não conseguia ficar parado! Não sabia refletir a vida! Só pensava em sexo! Vivia pra isso. Somente sexo! Tudo era sexo na sua cabeça. O sexo era tudo pra ele.
Vendo aquela loucura e aquele comportamento animal do filho, os pais resolveram levá-lo ao médico. À noite, ao deitar, os genitores guardavam para si opiniões diferentes a respeito do filho. O pai dizia: “nossa, que inveja de meu filho”. No mesmo tom a mãe reclamava: “por que o pai não puxou ao filho”.
A consulta foi benéfica para Carlos! Depois de se utilizar dos dons do rapaz, o doutor o encaminhou para um psicólogo mais próximo. Aquela “profissional da mente” sentiu a vida mais feliz! Vivia alegre depois de conhecer seu paciente esquentadinho. Fazia mais de anos que não sentia o que eram aquelas pulsações. Fazia mais de ano que não… gozava. Ela nunca tinha visto aquilo. Com o tempo e com a intensidade se contrapondo a seus limites, pediu socorro, e sentiu falta de seu marido frouxo.
As vontades carnais de Carlos aumentavam em progressão geométrica! Já não conseguia mais dormir, trabalhar, conversar com alguém que não fosse pra falar e imaginar sexo. Na certeza da insaciabilidade rotineira, já nem fazia questão de definir se era ela ou ele o parceiro.
Carlão iria morrer! Estava fadado a perecer. Seria enterrado com suas loucuras mais libidinosas. Se não encontrasse uma forma de saciar aquela impulsividade, tombaria.
Mas a história foi outra. Carlão resolveu virar político. Político da pior espécie, das mais ordinárias feições. Resolveu seus problemas. Acalmou-se! Sabia que no Brasil, nada melhor pra “fuder” a vida dos outros do que um péssimo parlamentar.
Por FRANCISCO RODRIGUES PEDROSA [email protected]