Os moradores do bairro 6 de agosto vão apelar para o Ministério Público pedindo transparência nos projetos que o governo do Acre tem para a região. Eles cobram uma carta que ficou de ser assinada pelos secretários Antônio Torres e Estefânia Pontes [ambos do cargo de cidadania e assistência social de governo e munícipio] garantindo a permanência no local, das famílias que não aceitaram a proposta de aluguel social.
Uma obra de construção de uma estação de tratamento de esgoto [ETE], erguida assim que as primeiras famílias que aceitaram o aluguel social deixaram a região, deixou os resistentes de orelha em pé. Uma pesquisa feita nos jornais aponta que o governo antes da alagação já tinha projeto para retirada das famílias.
– Reivindicamos clareza e honestidade da parte do governo. O que há de ser feito aqui? O que acontecerá conosco? Reivindicamos sensibilidade e não truculência, diálogo e não monólogo. Queremos não privilégios, mas respeito pelos direitos que sabemos que temos. Não defendemos apenas nossas casas (e isso já é muito), patrimônio material, mas nossa história, nossa memória afetiva, nossa identidade, nossos sonhos, nossa dignidade. – diz Israel Dias.
Nos terrenos que estão sendo desocupados, Dias afirma que o governo em parceria com a prefeitura, vem colocando placas afirmando que a ocupação do local fere o código penal. Os moradores receiam que isso seja utilizado contra as famílias que resolveram ficar na região, alguma delas, que moram há décadas no local.
– Há entre nós aqueles que vivem há décadas no Bairro 6 de Agosto, um dos mais tradicionais do Acre. Optaram por isso e não precisam do governo durante os períodos de alagação. Não somos arruaceiros, nem massa de manobra, nem interesseiros. Somos gente trabalhadora, pais e mães de família.
Segundo a dona de casa Irene Morais, há dificuldades para encontrar pessoas que queiram alugar casas para o governo do Acre. Silvana Gomes cobra a proposta que foi prometida para quem ficasse no local. Tocando terror os agentes enviados pelo governo ainda humilham os moradores.
– Disseram que minha casa valia um sapato e um cachorro eu disse não senhor minha casa vale muito, eu comprei. Eles fizeram pouco da minha barraca velha. Não quero sair para o aluguel – disse emocionada dona Silvana Gomes.
Ela faz um apelo ao governo que indenize a sua moradia para ela poder comprar outra casa. Dias disse que os moradores não dormem tranquilo por que eles não sabem se amanhã serão obrigados a sair.
A reportagem procurou o secretário Antônio Torres que chegou a marcar através da Secretaria de Comunicação, uma entrevista em seu gabinete. No dia agendado, segundo a secretária de nome Orquídea, o secretário saiu para uma reunião na Procuradoria Geral do Estado. O telefone da redação ficou para um segundo agendamento que não ocorreu até a edição deste material.
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Um abaixo assinado será entregue ao Ministério Público, nele, os moradores pedem transparência, eles exigem que seja dito definitivamente o que será feito na região. Acadêmicos da Universidade Federal do Acre preparam um dossiê que revelará mais histórias sobre o processo de desocupação da região do bairro 06 de Agosto próximo do igarapé Judia.
Obra está sendo erguida sem placa de identificação
A obra erguida às margens da Rodovia Amadeo Barbosa não cumpre a legislação de licitações. No local, embora exista um canteiro da empresa Adin – Construções, não há, como determina a lei, placa de identificação dos investimentos. Por telefone, o secretário do Depasa, Gildo César, prometeu dar mais detalhes sobre o projeto.
Jairo Carioca – da redação de ac24horas
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